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  • Foto do escritorCirce Petersen

Estresse e resiliência em tempos de pandemia


Saúde Mental na Pandemia do COVID 19

Um  estudo sobre sofrimento psíquico conduzido na China, durante a epidemia de COVID-19, revelou que a implementação de medidas rigorosas de quarentena, como a  manutenção de um grande número de pessoas em isolamento  afetou em muitos aspetos suas vidas. 
Entre os problemas apontados desencadeou uma grande variedade de problemas psicológicos, como transtorno do pânico, ansiedade e depressão. 

Na amostra examinada as participantes do sexo feminino apresentaram sofrimento psicológico significativamente maior, do que seus colegas do sexo masculino, podendo indicar maior risco para desenvolver Transtorno de Estresse Pós-traumático.  Na análise por faixas etárias as pontuações mais altas ficaram no grupo de jovens adultos (18 a 30 anos) e dos idosos (mais de 60 anos). Os jovens  parecem confirmar as descobertas de pesquisas anteriores: que estes tendem a obter uma grande quantidade de informações das Mídias sociais, que podem facilmente desencadear o estresse. Quanto aos idosos, como a maior taxa de mortalidade ocorreu entre este grupo etário durante a epidemia, não surpreende que  tenham maior probabilidade de sofrer impacto psicológico. Da mesma forma, as pessoas com ensino superior tendem a ter mais angústia, provavelmente devido à alta autoconsciência de sua saúde. Vale ressaltar que os trabalhadores migrantes experimentaram o mais alto nível de angústia entre as categorias examinadas. As variáveis exposições em transporte coletivo e disponibilidade de serviços de saúde, também se mostraram relacionadas aos níveis de sofrimento psicológico. Neste contexto foram  influenciados pela disponibilidade de recursos médicos locais, eficiência do sistema público de saúde regional e medidas de prevenção e controle tomadas contra a situação epidêmica. Uma vez identificados os fatores de risco ao adoecimento psíquico das populações, e os grupo vulneráveis, nosso foco essencial deve ser em criar estratégias que contemplem fatores de proteção para cada um deles.
  1. Saliento para os jovens particularmente, que estão mais expostos as mídias sociais, o cuidado para não sobrecarregar a vida mental com excesso de informações sem filtro. Uma vez que estamos todos submetidos a Pandemia, tenho circunscrito a minha busca de informações a periódicos científicos de alto impacto, ou referencias consistentes como a OMS e WEF. Sugiro que você também filtre e limite as informações a um horário de atualizações diário. Se não puder evitar sair de casa, ou faça parte do grupo dos trabalhadores essenciais e precise pegar transporte coletivo use mascara, e procure, na medida do possível, horários mais vazios, além de todos os cuidados indicados quanto a higienização. Tenho preconizado a todos meus pacientes a execução de Programa e Redução de Estresse baseado em Mindfulnes (MBSR). Tente introduzir praticas meditativas em sua vida. A ameaça trazida pelo Covid 19, pode colocar a mente em posição luta e fuga como resposta normal ao estresse. Tudo que temos vivido, descrito no estudo anteriormente citado, desafia nossa capacidade de processar mentalmente toda esta carga psíquica. Assim além de práticas meditativas é importante manter conexão humana, através de plataformas virtuais, vida social mesmo que seja assistindo uma live. Apoio social tem sido descrito exaustivamente desde a década de noventa como um dos fatores mais robustos para promoção de resiliência. Ter uma rotina estruturada ajuda nosso Sistema Nervoso Central a entender que tem algum mínimo controle sobre a própria vida. Não ter previsibilidade e controle pode deflagrar estados de angústia nos humanos. Neste momento sugiro especial atenção a organização dos serviços de saúde fator crítico na rede de apoio das populações, assim como atenção aos trabalhadores de saúde mental, que correm risco de apresentarem transtornos de estresse pós-traumático em maior número. Precisamos estar realmente alertas para o risco de uma epidemia de transtornos mentais. Sugiro sempre prevenirmos, que será mais econômico desde todos os pontos de vista, tanto do ponto de vista financeiro, quanto da economia psíquica. Assim este estudo aponta pontos críticos que podemos observar, destaco ainda o alerta para sinais de transtorno de ansiedade. O transtorno de maior prevalência ao longo da vida, agora se torna mais crítico ainda, conforme demonstrado na amostra chinesa.

A escala GAD 7 pode ajudar em triagem rápida. A mesma é pontuada de 0 a 3 nos seguintes itens:

1. Sentir-se nervoso, ansioso ou muito tenso

2. Não ser capaz de impedir ou de controlar as preocupações

3. Preocupar-se muito com diversas coisas

4. Dificuldade para relaxar

5. Ficar tão agitado/a que se torna difícil permanecer sentado/a

6. Ficar facilmente aborrecido/a ou irritado/a

7. Sentir medo como se algo horrível fosse acontecer.

A pontuação observa os seguintes índices: 0 (nenhuma vez) a 3 (quase todos os dias), com pontuação que varia de 0 a 21 . Na versão original da escala pontuações acima de 10 podem ser indicativos de necessidade de avaliação psicológica mais extensa para confirmar diagnóstico de Transtorno de ansiedade, levando em conta o critério tempo de apresentação dos sintomas.

Finalmente sugiro que possamos estar alertas aos fatores de risco, proteção, termos caminhos de avaliação de intervenção bem estruturados. No caso dos profissionais psicólogos sugiro fortemente estar atualizado com os instrumentos disponíveis de avaliação psicológica para ansiedade e depressão tais como Escala Beck II, EBADEP (Escala Baptista de depressão nas suas diferentes versões de acordo com a faixa etária); EPD (Escala de Pensamentos Depressivos), entre outros, e estar conectado com tratamentos baseados em evidências para os diferentes níveis de intervenção em saúde mental, como especial atenção aos Transtorno de ansiedade, luto, depressão e Transtornos de estresse pós-traumático.

Referencias:

Qiu J, et al. (2020) A nationwide survey of psychological distress among Chinese people in the COVID-19 epidemic: implications and policy recommendations General Psychiatry 2020;33:e100213.

Bartolo, A. Monteiro, S.; Pereira, A. (2017). Estrutura fatorial e validade de construto da escala Generalized Anxiety Disorder 7-item (GAD-7) entre alunos universitários em Portugal. Cad. Saúde Pública[online]. 2017, vol.33, n.9, e00212716. Epub 28-Set-2017. ISSN 1678-4464

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